BEM VINDO

Animum exerce in optimis rebus

domingo, 9 de setembro de 2007

República de Platão - Livro IV - Respostas



1) Sócrates reafirma que eles deveriam se contentar com seu salário e cumprir sua missão, pois isso seria para o seu próprio bem e para o bem e a felicidade da cidade; o bom funcionamento da cidade dependia principalmente de que os guardiões desempenhem bem o seu papel.


2) A riqueza dá origem á preguiça e ao gosto pelo luxo e a pobreza também gera desleixo com o trabalho; por isso, a cidade em que há desigualdade econômica vive sempre dividida e é presa fácil para os inimigos. Daí vem o dever dos guardiões de cuidar para que a cidade não seja nem muito grande para não se tornar desunida nem muito pequena para se auto sustentar.


3) A principal medida para se evitar as desigualdades deve ser o cuidado para que cada pessoa seja encaminhada para a atividade para a qual nasceu, isto é, não se meta a querer fazer algo para o que sua natureza não o tenha habilitado.


4) A conformação de cada pessoa à tarefa para a qual nasceu só pode ser conseguida através da educação; por isso, a principal tarefa dos governantes é cuidar para que o sistema educacional não se desvirtue, ele deve garantir a boa qualidade do sistema, principalmente impedindo que se introduzam novidades nocivas.


5) A cidade boa deve possuir as virtudes da sabedoria, coragem, moderação e justiça.


6) O único saber que merece o nome de sabedoria é o saber dos governantes, que se realiza como a capacidade de fazer boas escolhas não sobre assuntos particulares mas sobre o conjunto da vida na cidade. É um saber possuído por poucos, que por isso mesmo, devem ser os governantes.


7) Sócrates diz que para tingir um tecido de vermelho, é preciso antes deixá-lo totalmente branco para que a tinta vermelha possa penetrar mais profundamente. A tintura vermelha simboliza a coragem que devem possuir os guardiões. O processo de tintura simboliza a educação que estes devem receber, a qual para ser eficaz deve começar desde cedo, com as crianças (tecido branco) recebendo exemplos de dedicação à pátria sendo valorizados e aprendendo histórias que valorizem essa dedicação à pátria e valorizando o código de honra dos guardiões.


8) A moderação é uma harmonia, um domínio que a parte superior da alma estabelece sobre a parte inferior, isto é a razão sobre os desejos, paixões, prazeres e dores.


9) Na parte superior da alma se encontra a razão, a inteligência e a ponderação, enquanto na parte inferior estão os desejos, as paixões e as dores; quando a parte inferior domina a superior, o que acontece pela má educação, a pessoa não pode ser considerada senhora de si, e assim também a cidade em que predomine esses sentimentos; já a pessoa senhora de si é aquela em que predominam os sentimentos simples frutos da razão e da inteligência.


10) A moderação se assemelha a uma harmonia natural entre o que é superior e o que é inferior. Essa é base da felicidade da cidade platônica; os que são por natureza inferiores devem aceitar o comando dos superiores. Por isso, essa virtude deve pertencer a todos os cidadãos, aprendendo a comandar os seus próprios desejos, cada cidadão pode entender a importância de se obedecer às ordens superiores.


11) A justiça na cidade consiste em que cada um execute a tarefa que lhe é própria, de acordo com sua classe (governante, guardião ou trabalhador), assim a justiça no indivíduo ocorre quando cada virtude (sabedoria, coragem, moderação) exerce a tarefa que lhe cabe.


12) As atividades de aprender, se encolerizar e desejar. Vemos que são partes diferentes porque podemos querer com uma parte o que recusamos com a outra (por exemplo, podemos ter sede e nos recusar a tomar água).


13) Segundo Sócrates, há três partes na alma. Há uma parte que raciocina, uma parte pela qual ela tem a capacidade de desejar e uma parte que se irrita, às vezes com razão, nos ajudando a refrear os desejos nocivos, mas que pode se irritar também sem razão, como as crianças birrentas ou mimadas.


14) Podemos dizer, com base no texto de Platão, que a capacidade de desejar é instintiva e tem por objetivo nos fazer agir para manter a nossa vida, por isso é definida como apetite (por comida, bebida, sexo, proteção);a capacidade de se encolerizar é diferente porque se traduz numa irritabilidade contra ou a favor dos desejos. Quando cedemos a um desejo e depois vemos que ele era nocivo (comer algo que sabemos que nos fará mal, por exemplo) sentimos raiva de ter agido assim, ou podemos sentir raiva por não poder realizar um desejo (querer uma pessoa que não nos ama, por exemplo). Para Platão, essas diferenças mostram que desejar e sentir raiva são faculdades diversas na alma.


15) O objetivo de Platão é identificar cada parte da alma com cada classe de cidadãos e assim transferir o conceito de justiça na cidade para a alma de cada cidadão.


16) A justiça na alma (alma justa) ocorre quando cada uma de suas partes cumpre a função para a qual existe e a parte superior comanda a parte inferior, assim também a justiça na cidade ocorre quando cada grupo executa bem sua tarefa e quando os inferiores respeitam os inferiores.


17) Sócrates compara a alma justa ao corpo sadio, em que todas as partes funcionam em harmonia; a alma injusta pode ser comparada então ao corpo doente, em que suas partes não funcionam bem; a alma justa é saudável e a alma injusta é doente.


18) A questão inicial era se a justiça vale por si mesma ou se é preferível ser justo ou injusto. Assumindo a segunda forma da questão, Glauco disse que seria ridículo perguntar se alguém prefere ser sadio ou doente, da mesma forma seria ridículo perguntar se alguém prefere ser justo ou injusto, já que a alma justa pode se comparar ao corpo sadio e a alma injusta ao corpo doente.